Historial

Historial da Santa Casa da Misericórdia de São Vicente da Beira

A Santa Casa da Misericórdia de São Vicente da Beira é uma instituição secular, ao longo da sua história sempre se norteou por cumprir as catorze obras de misericórdia que se dividem em duas categorias:

Sete espirituais

  1. Ensinar os ignorantes
  2. Dar bons conselhos
  3. Castigar os que erram
  4. Consolar os tristes
  5. Perdoar as ofensas
  6. Sofrer com paciência
  7. Rezar pelos vivos e defuntos

Sete corporais

  1. Visitar os doentes e encarcerados
  2. Dar pousada aos peregrinos
  3. Remir os cativos
  4. Vestir os nus
  5. Dar de comer a quem tem fome
  6. Dar de beber aos que têm sede
  7. Dar agasalho aos viajantes

O evangelho de São Mateus terá sido a fonte inspiradora onde a rainha Dª Leonor, fundadora das misericórdias se terá inspirado quando no ano 1498 fundou a misericórdia de Lisboa A razão principal do compromisso é o cumprimento das catorze obras de misericórdia D. Álvaro da Costa, nasceu na vila de São Vicente da Beira, moço de câmara na casa do duque de Beja D. Manuel, futuro rei de Portugal, entre outros cargos importantes que exerceu ao longo da sua vida, foi o primeiro provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Quando a rainha Dª Leonor morreu em 1525, já existiam em Portugal 61 misericórdias. Antes da fundação das Misericórdias existia na vila de São Vicente da Beira, uma instituição tinha por missão ajudar as pessoas carenciadas prestando-lhes assistência no corpo e na alma. Esta instituição chamava-se; Albergaria do Santo Espírito.

No século XIV viveu na vila um sacerdote, vendo aproximar-se o fim dos seus dias neste mundo, chamou um tabelião para que redigisse as suas últimas vontades.

No dia 22 de Abril do ano 1363 Estevão Anes, assim se chamava este clérigo; deixou todos os seus bens à Albergaria do Santo Espírito.

Velhinho, alquebrado já podia partir em paz ao encontro do Pai.

Daqui se deduz, pelo menos desde esta altura já existia uma organização em São Vicente da Beira que acolhia nas horas de maior aflição as pessoas necessitadas; curando as feridas, oferecendo comida, guarida, roupa…

Estas velhinhas instituições foram substituídas pelas Misericórdias.

No dia 15 de Dezembro do ano da graça de 1572, morreu uma senhora de nome Crespo, casada, foi sepultada na igreja da misericórdia.

No dia 29 de Janeiro de 1582, faleceu no hospital da vila de São Vicente da Beira um mancebo de nome Joane, foi sepultado na misericórdia e deixou o que possuía à casa da misericórdia No dia 5 de Setembro do ano da graça 1583, faleceu Teodósio de Faria, era criado do senhor Nuno da Cunha e foi enterrado na casa da misericórdia desta vila…

A porta principal da igreja ostenta a data 1643; terá sido o ano da sua ampliação!

Ao longo dos séculos, a igreja foi acumulando estatuária e outros objectos de culto.

Algumas imagens terão pertencido ao convento franciscano de Santa Clara que existiu em São Vicente da Beira.

O Senhor dos Passos foi oferecido pela abadessa Maria da Cruz que era natural da vila de Castelo Branco.

O senhor do caixão terá sido oferecido pelo primeiro conde de São Vicente; D. João Nunes da Cunha; governador e vice-rei da India.

Santo Cristo, bandeiras, paramentos… fazem parte do espólio museológico da Misericórdia A bandeira mais antiga ostenta a data 1628

No dia 5 de Março de 1978 foi inaugurado solenemente o museu de arte sacra; João de Sousa Campos, era o provedor.

Em 1894; o padre Simão Duarte do Rosário; natural da freguesia do Sobral do Campo, proprietário, funda o hospital da Misericórdia de São Vicente da Beira onde deixou todos os seus bens.

Este hospital possuía duas enfermarias; uma para cada sexo, para além da freguesia de São Vicente da Beira, serviria as freguesias vizinhas, como era sua vontade Funcionou até ao vinte e cinco de Abril de 1974.

Durante alguns anos o edifício esteve fechado até o pároco da época padre António Francisco Branco Marques o restaurar e ampliar transformando-o num moderno e funcional lar Com o advento da República quase todo o seu património foi confiscado pelo estado e vendido A partir dessa data, a secular instituição começou a viver de donativos e da generosidade das pessoas.

Em 1952, a mesa organizou um grandioso cortejo de oferendas, as populações da freguesia e freguesias vizinhas mobilizaram-se; comerciantes, lavradores, pessoas anónimas; ofereceram; cereais, roupas, géneros alimentícios, dinheiro… participaram grupos de ranchos…

Padre Simão Duarte do Rosário; padre José David dos Reis; Manuel da Silva; Manuel Diogo; João de Sousa Campos; padre Tomaz da Conceição Ramalho; Eduardo Cardoso; Dª Aldina Caldeira; padre Joaquim Mesquita dos Santos; padre António Francisco Branco Marques; Pedro José Jerónimo Matias; Isaura Maria; Maria Manuela Silva; Maria de Jesus Ramalho, Joaquim Mourão; provedores, mesários, beneméritos, colaboradores, e tantos outros que ao longo dos tempos têm ajudado a Santa Casa da Misericórdia.

Actualmente o provedor é o professor João Benevides Prata, João Maria dos Santos, o vice-provedor.

No século vinte exerceu a medicina no hospital, o doutor Silva Lemos, natural do Porto Deixou os seus bens à Misericórdia, graças há sua benemerência os mesários nos anos cinquenta do século passado, construíram o bairro habitacional que ostenta o seu nome.

Doutor Leonardo José de Sousa Júnior, nasceu na vila de Alcains no ano 1906; exerceu a medicina no hospital da Misericórdia de São Vicente da Beira

Doutor José Figueiredo Alves; nasceu na vila de Penamacor; médico no hospital da Misericórdia, casou em São Vicente da Beira com Dª Maria da Purificação Gama Mesquita e faleceu em São Vicente da Beira no ano 1979 onde está sepultado.

Ao longo dos anos o edifício foi sendo ampliado; nele funciona um moderno e funcional lar de idosos.

Foram assinados acordos de cooperação com o Centro Regional de Segurança Social de Castelo Branco para as seguintes valências Lar; centro de dia; apoio domiciliário; jardim de Infância e creche Entre os anos 1999 e 2004 foi aumentado, construiu-se uma piscina “desactivada,” todo o espaço envolvente foi devidamente arranjado

A igreja da misericórdia que se encontrava bastante degradada foi restaurada; “ as vigas de madeira da cobertura foram substituídas por uma estrutura em ferro, o sobrado foi substituído, paredes interiores e exteriores rebocadas e pintadas, procedeu-se à ampliação do museu de arte sacra; estes melhoramentos importaram em: - 30. 678 euros.

Nos diversos passos espalhados pelas ruas da vila foram colocadas réplicas em azulejo das pinturas que contêm cenas da paixão, ficando as telas originais protegidas das Intempéries e que se guardam no museu.

As casas do bairro foram reparadas, compraram-se duas carrinhas, admitiram-se mais funcionárias…

No ano 2000, a Santa Casa da Misericórdia tinha 340 irmãos.

Todos os anos pela semana santa a Misericórdia realiza as Endoenças

Quinta-feira- santa procissão do Exce Homo.

Sexta-feira santa; procissão dos passos e enterro do Senhor

Com sermões de acordo com o momento vivenciado em cada uma das procissões A actividade principal da Santa Casa da Misericórdia é o apoio social para as pessoas idosas Com inicio em 1 de Dezembro do ano 1994, data da sua constituição, é uma instituição particular de solidariedade social.

O lar começou a funcionar no dia 1 de Julho 1999. Nos finais do ano 2000 a instituição albergava 41 utentes; 10 homens e 31 mulheres O Centro de Dia está a funcionar desde Novembro do ano 1986 O apoio domiciliário começou a funcionar no ano 1993

A instituição fornece alimentação, higiene pessoal, lavagem da roupa, limpeza das habitações… Frequentavam a creche e o jardim-de-infância nessa época 41 crianças; desde os quatro meses até à idade escolar.

Devido à baixa natalidade, a Santa Casa da Misericórdia viu-se obrigada a fechar estas duas valências.

Com o crescente envelhecimento das populações, a debandada das aldeias para os grandes centros, as crianças passaram a ser enviadas para a escola EB 2-3, de São Vicente da Beira.